quinta-feira, 3 de setembro de 2009

alejadinho

Antônio Francisco Lisboa, brasileiro, mineiro, nasceu em 1730, filho de um arquiteto português e de sua escrava. Parece que nunca freqüentou a escola além dos primeiros anos. Sabia ler e escrever e conta-se que seus conhecimentos de arquitetura, escultura e desenho foram aprendidos na escola de seu pai e com o desenhista e pintor João Gomes Batista. A afirmação de que não conhecia a arte européia costuma ser considerada espantosa pelos estudiosos de suas obras, devido às semelhanças que sua produção apresenta em relação às do velho continente. Talvez tivesse tido contato com elas somente a partir de gravuras, como costuma-se afirmar. Entretanto, apesar de seu enorme talento, é freqüente ser argumentado que suas obras apresentam algumas imperfeições (termo bastante discutível) típicas de sua falta de estudos. Na realidade, o alcance de seus estudos são um ponto obscuro na biografia de Aleijadinho.

É considerado o maior artista do Brasil Colonial, imortalizando obras do barroco brasileiro. Seu apelido - Aleijadinho - deve-se a uma grave doença contraída com cerca de 47 anos que deformou e paralisou partes de seu corpo. Perdeu todos os dedos do pé, atrofiando-se, curvando (e chegando mesmo a perder) os dedos de sua mão. A vista foi danificada e o rosto acabou retorcendo-se, ganhando um aspecto extremamente desagradável. Entretanto, mesmo com as dificuldades físicas continuou pintando até ser efetivamente imobilizado no final de sua vida, em parte graças ao escravo Maurício, que lhe adaptava os ferros e o macete às mãos.

Realizava desde obras de arquitetura, como a planta da Capela de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, aos trabalhos de esculturas pelos quais é particularmente conhecido. A pedra-sabão e o cedro eram suas principais matérias-primas. Trabalhou preferencialmente nas cidades mineiras associadas ao ciclo da mineração (apesar de ter passado pelo Rio de Janeiro). Suas obras foram realizadas nas capelas de São Francisco de Assis, de Nossa Senhora do Carmo e das Almas, em Ouro Preto; nas matrizes de São João do Morro Grande; na matriz de Sabará e nas pequenas igrejas das fazendas ao seus arredores da Serra Negra, Tabocas e Jaguara; nas Igrejas de Santa Luzia; na Capela de São Francisco, em Mariana; na matriz e capela de São Francisco em São João del Rei e nas igrejas de Congonhas do Campo. Acredita-se que seus trabalhos mais importantes estejam nessas duas últimas cidades. Em suas obras de temática bíblica e grande força dramática, merecem destaque o conjunto escultórico dos Passos e Profetas de Congonhas. Retrata a via-sacra de Cristo, associada à figuras do Antigo Testamento, seguindo a tradição barroca. O sacro Monte de Braga, em Portugal, deve ter sido a inspiração para a encomenda dos Passos. Sua construção parece ter começado no ano de 1796 na Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas do Campo. As sessenta e seis imagens de madeira, distribuídas nos seguintes grupos: Ceia, Horto, Prisão, Flagelação, Coroação de Espinhos, Cruz-às-Costas e Crucificação levaram três anos e meio de trabalho de Aleijadinho e seus colaboradores. Não é definida qual a exata participação destes na obra e o único nome conhecido é o do escravo Maurício. As pinturas de alguns grupos ficaram sob a responsabilidade de Manuel da Costa Ataíde. As principais imagens dos Passos possuíam olhos de vidro. Destaca-se a extremamente expressiva figura de Cristo da Cruz-às-Costas, com seus olhos de vidro em esfera maciça e íris negra, diferente das demais peças. Já os Profetas, iniciados logo após o término dos Passos, levaram cinco anos para sua conclusão, uma vez que os trabalhos foram interrompidos em 1801 e em 1803 - 1804 (na realidade, tomaram dois anos e meio de trabalho da equipe).

É considerada uma das séries mais completas da arte cristã, devida à apurada observação das indicações bíblicas. Aqui, o critério de separação daquilo que foi realizado por Aleijadinho do trabalho realizado pelos colaboradores foi a presença de traços marcantes do estilo do artista. Esse estilo caracteriza-se principalmente pelo modo anguloso como as vestes das figuras lhes caem sobre o corpo, estruturas robustas de corpos, com músculos e veias saltantes, os olhos rasgados e a linha inferior em semicírculo, os lacrimais acentuados, altas sobrancelhas com linhas contínuas ao nariz, lábios de contornos sinuosos, unhas quadrangulares em dedos alongados e má implantação do polegar. Apesar da tentativa de seus discípulos em imitar-lhe os mínimos detalhes, a distinção pode ser ajudada pelo fato de possivelmente ter cabido a Aleijadinho as obras principais, como Cristo, apóstolos e ladrões da Crucificação. Um dado interessante das obras de Aleijadinho é estarem perfeitamente inseridas na lógica teatral barroca. Algumas imperfeições, por exemplo, creditadas às suas imagens, desaparecem se observadas sob o ângulo correto, evidenciando a importância de um ponto de vista privilegiado em sua apreciação do conjunto.

Plebe e Nobreza nas Minas Gerais

Em 1769 aleijadinho troca a madeira por pedra-sabão. Daí não mais parou fazendo esculturas belas.

Aleijadinho procura imitar a côrte de Lisboa com a moda do tempo, passaram a usar cabeleiras, coletes de cetim, bengalas com bico de couro, enfim casas muito luxuosas com varandas, quartos, salas, móveis luxuosos, mesinha para jogos, grandes mesas para banquetes, sofás de palhinhas, ao cair à tarde moças tocavam os pianos, de noite escondidas atrás das janelas ouviram serenatas era um tempo muito romântico: Chica da Silva e Chico Rei conseguiram vencer as barreiras das Minas Gerais. Francisca da Silva enfeitiçou o desembargador João Fernandes de Oliveira, explorador d diamantes, homem de muitas posses. Chica da Silva era mulata, bonita, conquistou o português, que atendia seus caprichos, ele construiu um açude onde lançou um navio com velas para levá-la em suas grandes embarcações. Essa mulata só ia para igreja coberta de brilhantes, acompanhada e ricamente vestida.

Muitos a beija as mãos, mas na época era proibido negro usar ceda tecidos finos e jóias. Já Chico Rei, negro chefe de uma tribo africana, foi aprisionado junto com sua gente por traficantes de negros num navio e trazido para o Brasil, muitos morreram na viagem. Chico foi vendido com o resto da tribo, acorrentados foram para as minas de ouro de Vila Rica. Escravo Chico não desanimou a lei permitia que comprassem seu resgate de liberdade de acordo com a lei, trabalhando se cessar libertou um de seus filhos e depois a si mesmo, depois outros até a tribo toda, acabou comprando uma mina de ouro, formou um estado em Minas Gerais, foi sendo respeitado como Rei e sua segunda esposa a Rainha sua santa protetora passou a ser Santa Ifigênia, Construiu uma igreja no morro de Vira Seia, todas as imagens eram pretas, Santa Rita de Cássia, São Francisco de Assis e outras Nossas Senhoras.

Todos os anos nos dias 6 de janeiro ele se coroava e ia a igreja, ali também foi construída a imagem de Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho.

Até os 47 anos Aleijadinho viveu com saúde ainda teve um filho natural a quem deu o nome de seu pai, ainda nessa idade veio-lhe a doença que era um tipo de encefalite, falta de vitaminas e a sífilis. A doença o martirizou até a morte, de alegre e comunicativo, passou a ser triste e fechado.

Aleijadinho passou a trabalhar escondido de todos, com a ajuda de um escravo fiel e dedicado.

Os profetas sempre pregando a verdade

Os profetas foram introduzidos na arte da idade média para dar mais importância aos dramas literurgicos. Na Páscoa a e no Natal para mexer com os espíritos dos fiéis , existia a Ressurreição e a Encarnação. Cada Profeta testemunhava contra os juízes de Cristo. Santo Agostinho deu um sermão, representado claro por um dos profetas e cada um dizia suas frases para provar a verdade da Encarnação. Foi sobre o céu aberto de Congonhas que Aleijadinho colocou seus profetas a gritar a palavra de Deus , num lugar onde os movimentos das montanhas de minas para de repente , com paisagem entre as serras de Ouro Preto e Santo Antônio.

Desse conjunto de atitudes nasce uma harmonia fascinante, assim um supor de vida anima os profetas, as imagens do Aleijadinho possuem uma intenção artística e piedade Cristã, são obras de arte e devoção. Foi muito admirada a imagem de São Simão Stock que parecia jovem, mas como rosto cheio de rugas. A mão desse Santo a mais bela de todas a ser produzida pelo Aleijadinho foi de muita grandeza o rosto e as mãos bem visíveis e com detalhes no altar da capela da São Francisco de Ouro Preto. São bem apresentadas com detalhes bem postos e bem acentuados.
Anos que foram os últimos

Nos últimos anos de vida de Aleijadinho pouco ele trabalhou. Muito fraco, mudou-se para a cidade de sua nora Joana, onde por quatro anos esperou pela morte. Deitado o tempo todo num extrato de tábua ele passou 2 anos inteiros sem sair do lugar com um dos lados do corpo machucado sempre a ler a bíblia e pedindo ao senhor que lhe desse descanso. Finalmente a 18 de novembro de 1814, morre o grande artista, seu enterro foi simples e pobre na igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

afresno

Técnica de pintura que deve o nome ao fato de que precisava ser realizada nas paredes ou tetos (preferencialmente de nata de cal, gesso ou outro material apropriado) enquanto o esboço ainda estava úmido (ou fresco), na sua utilização, as tintas ou pigmentos em geral devem ser granulados, reduzidos ao pó e depois misturados à água. Dessa forma, as cores podem penetrar nas superfícies úmidas como parte integrantes delas. Por ter ótima durabilidade em países onde o clima é seco, foi particularmente aplicada nesses lugares, como o norte da Europa e a Itália (com exceção de Veneza). O fato dos afrescos secarem rapidamente, obrigava o pintor a vencer o tempo de secagem, ser ainda mais rápido, ter traços firmes e propósito claro.

Outro fator limitante era a enorme dificuldade de se realizar correções posteriores. Provavelmente utilizada desde a antiguidade, especula-se que eram afrescos as paredes pintadas na ilha de Creta antiga (principalmente no período de 2.500 a.c a 1100 a.c) ou na antiga Grécia. É encontrado ainda fora da Europa, nas pinturas chineses e hindus. Porém Giotto é seu primeiro grande mestre, sendo após dele largamente usada na Renascença Italiana (os artistas da época pensavam que somente pigmentos naturais eram ideais em afrescos).

Pintores como Masaccio, Rafael, Michelangelo são alguns exemplos dos que utilizaram a técnica em suas obras. A partir do século XVIII seu uso começa a ser cada vez mais escasso (Tiepolo é o último dos grandes nomes da pintura italiana a pintar afrescos). Porém, nos séculos seguintes ela encontra novos momentos de valorização, como entre os pintores alemães do século XIX Nazarenes e Cornelius e no século atual, entre os muralistas mexicanos, Riviera, Orozco e Siqueiros.

musica bradileira

A música erudita no Brasil, que teve sua fase histórica mais importante com a escola nacionalista de composição, permaneceu presa à matriz européia durante séculos. As expressões populares, pelo contrário, nascidas da confluência étnica, fizeram do cancioneiro brasileiro um dos mais ricos da América.

Em sua formação a música brasileira recebeu contribuições dos indígenas, dos colonizadores e dos negros. Musicalmente, o africano tem o mais forte caráter entre os três elementos étnicos que se fundiram para formar o perfil cultural brasileiro. O jazz nos Estados Unidos e o samba no Brasil mostram como se diversificaram, no contato com o elemento branco, as influências musicais negras na América.

Música erudita

Das origens ao romantismo. Os primeiros cronistas do descobrimento relatam que a terra era povoada de música, e os gentios que assistiram à primeira missa mostravam-se naturalmente sensíveis ao canto e à sonoridade dos instrumentos. Na catequese a que foram submetidos os indígenas, entrava, como um dos ingredientes mais persuasivos, o cantochão.

Em todo o decorrer da história colonial do Brasil, desde seus primórdios, há constantes testemunhos de práticas musicais, da obrigatoriedade do ensino de música nas casas da Companhia de Jesus e da popularidade do teatro musical, cuja origem se encontra nos autos representados pelos jesuítas. No século XVIII, por exemplo, o gosto pela ópera-bufa, tão característica da época, propagou-se no Brasil. Fundaram-se casas de ópera no Rio de Janeiro, em São Paulo, Salvador, Recife, Belém, Cuiabá, Porto Alegre, Campos dos Goytacazes e outras cidades.

O repertório habitual desses teatros constituía-se principalmente das óperas do brasileiro Antônio José da Silva, o Judeu, e de obras da escola napolitana (óperas de Nicola Porpora, Cimarosa etc.). Modernamente, as pesquisas de Francisco Curt Lange, em Minas Gerais, e do padre Jaime C. Dinis, em Pernambuco, ampliaram consideravelmente o conhecimento sobre a evolução musical daquele período histórico.

A atividade musical em Pernambuco, no século XVIII, revelou-se com a descoberta de um compositor, anterior ao chamado barroco mineiro, Luís Álvares Pinto. De sua autoria é a partitura Te Deum laudamus, para quatro vozes mistas (orquestração perdida) e baixo contínuo, encontrada em 1967 pelo padre Dinis.

Não menos importante foi a prática da música na Bahia e em várias outras regiões do país. O musicólogo brasileiro Régis Duprat descobriu um Recitativo e ária, de autor anônimo, escrito em Salvador, que é a única obra setecentista com texto em vernáculo encontrada até hoje. Mais tarde Duprat recuperou obras de André da Silva Gomes, nascido em Lisboa, que chegou em 1774 a São Paulo.

Foi enorme a atividade musical em Minas Gerais, como documenta o trabalho pioneiro de Francisco Curt Lange. Sabe-se agora que, no fim do século XVIII e começo do século XIX, floresceu nas cidades mineiras uma geração de compositores que criaram uma música contemporânea da arte do Aleijadinho e da poesia dos inconfidentes. Entre esses compositores incluem-se José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Neto, Francisco Gomes da Rocha e Inácio Parreiros Neves.

A produção musical desses autores, assim como a do padre José Maurício Nunes Garcia, no Rio de Janeiro, nada tem de barroca, embora seja assim chamada. A expressão "mestres do barroco mineiro" foi usada por conotação com o estilo predominante da escultura e arquitetura da época, mas a música que se conhece de mestres brasileiros do período colonial tem outras fontes: provém diretamente do classicismo vienense, que tinha Haydn como referência. Da textura da música mineira está ausente a principal característica do estilo musical barroco: a elaboração polifônica das vozes.

No Archivo de música religiosa de la capitanía general de las Minas Gerais (tomo 1, 1951), editado por Curt Lange na Universidade Nacional de Cuyo (Mendoza, Argentina), figuram as composições dos mestres mineiros. Musicalmente, identificam-se com o estilo clássico ou pré-clássico (Pergolesi, Haydn). São obras impressionantes pela nobreza da inspiração, pela mestria na escrita melódica e coral, assim como pelo tratamento do texto litúrgico, qualidades difíceis de explicar naqueles músicos mestiços que não tiveram nenhum contato direto com os meios cultos. Modernamente, essas obras têm sido executadas com êxito no Brasil e no exterior.

Graças à descoberta dos mestres mineiros, já não continua isolada a figura do padre José Maurício, o grande compositor da época de D. João VI, autor de valiosa música sacra. José Maurício filia-se ao classicismo europeu. Sua música tem, sem dúvida, universalidade de sentido, mas tende, às vezes, a naturalizar-se brasileira por um caminho inesperado: o da modinha. Certas inflexões desse gênero tão caracteristicamente brasileiro impregnam, modificam e transfiguram a obra do padre e antecipam a transformação modinheira que a melodia italiana sofreria no Brasil.

Francisco Manuel da Silva, autor do hino nacional, pertence à geração seguinte. Mário de Andrade chamou a atenção para a "visão prática genial" com que ele organizou o Conservatório do Rio de Janeiro, lançando as bases de nossa cultura musical. Suas modinhas tiveram grande popularidade, ao lado da música religiosa e da que escreveu para o teatro.

Com esses compositores encerra-se o ciclo da música sacra e gêneros afins e começa a era de predominância da ópera italiana. Nesse panorama surgiu, porém, um compositor brilhante: Carlos Gomes, autor de Il guarany e Lo schiavo.

Na evolução da história da música dramática brasileira, Carlos Gomes é o grande nome da segunda metade do século XIX e a afirmação do movimento romântico. Suas obras encontram-se sob o signo do italianismo dominante na arte internacional da época, mas nelas há claros traços da musicalidade tipicamente brasileira, representada na época pelas modinhas. Em algumas de suas páginas mais célebres, Carlos Gomes exprime um vivo sentimento patriótico e revela coincidências com a melodia e o ritmo nacionais.

Depois de Carlos Gomes e até a plena eclosão do movimento nacionalista, com a Semana de Arte Moderna de 1922, a maior parte dos compositores brasileiros contribuiu com sua obra para o estabelecimento progressivo da música caracteristicamente nacional. Por imposição de sua formação artística, no entanto, os primeiros nacionalistas limitavam-se a vestir o tema folclórico brasileiro com roupagens européias, emprestando-lhe a atmosfera do romantismo francês ou alemão.

Escola nacionalista

A primeira figura a ser mencionada, na tendência nacionalista da música brasileira, é a do compositor e diplomata Brasílio Itiberê da Cunha. Sua obra, exemplificada pela rapsódia A sertaneja (1866-1869), para piano, anunciou o período do nacionalismo musical. O precursor dessa tendência foi Alexandre Levy, em cuja obra se evidenciam os traços apenas sugeridos por Itiberê. Em suas composições, a preocupação nacionalista surge com o emprego de temas originais ao lado de melodias autenticamente populares.

Compositores como Leopoldo Miguez, Henrique Oswald e Glauco Velásquez mantiveram-se fiéis ao espírito do século XIX, que era, na música brasileira, o da submissão aos moldes europeus. A obra de Leopoldo Miguez, ilustrada pelas sinfonias Parisina (1882) e Prometeu (1896), apresenta influências de Wagner e Liszt. Henrique Oswald, por sua exclusiva formação européia, influenciada por Gabriel Fauré, sempre esteve à margem do movimento nacionalista. É autor de música de câmara de fatura magistral, eminentemente lírica e subjetiva.

A incipiente tendência nacionalista encontraria perspectivas mais amplas na obra de Alberto Nepomuceno. A partir de 1897, sua produção musical aproxima-se mais da temática e das soluções rítmicas brasileiras. Antônio Francisco Braga, admirado pelas gerações posteriores, tornou-se uma espécie de patriarca da música brasileira, cujos acentos e características próprias eram para ele familiares. Foi essencialmente um compositor sinfônico. Considerado precursor da música moderna, Glauco Velásquez, de origem italiana, introduziu no Brasil o cromatismo de Wagner e César Franck.

A escola nacionalista de composição, cujo desenvolvimento, depois da fase precursora, se completou em poucos decênios para logo tender ao desaparecimento, é a mais importante da música brasileira. Seus representantes, no entanto, não se dedicaram à ópera ou ao balé, formas que poderiam ter ilustrado a tendência. As óperas de compositores brasileiros do período não passaram de esboços mais ou menos frustrados e nunca foram incorporadas aos repertórios executados. Nepomuceno, Francisco Braga, Henrique Oswald, Leopoldo Miguez e, na mocidade, Francisco Mignone e Heitor Villa-Lobos escreveram óperas, raramente representadas.

A escola nacionalista tem como expoente uma figura de projeção universal: Villa-Lobos, que surgiu na Semana de Arte Moderna como representante das novas tendências musicais: adoção das técnicas de vanguarda importadas da Europa e valorização do tema brasileiro. Villa-Lobos foi o primeiro grande artista brasileiro cuja obra assumiu características verdadeiramente nacionais. Dotado de uma impetuosa força criadora, é capaz da mais refinada simplicidade. As raízes negras têm presença marcante em muitas de suas peças. Emprestou, magistralmente, envergadura sinfônica aos choros recolhidos nos ambientes populares do Rio de Janeiro e utilizou, nas Bachianas brasileiras, o estilo próprio de Johann Sebastian Bach dentro de uma temática nacional.

Francisco Mignone, embora não tenha sido um compositor exclusivamente nacionalista, teve seus melhores momentos na música de inspiração brasileira. Foi, principalmente, um mestre da orquestra. Depois da fase nacionalista, experimentou imprevista renovação, pela qual aceitou qualquer processo de composição que lhe permitisse total liberdade de expressão. Certas páginas orquestrais suas, como o Maxixe, o balé Maracatu do Chico Rei (1933) ou a Congada, transcrição para piano da página sinfônica de uma ópera de juventude, O contratador de diamantes (1921), causam forte impressão.

Lorenzo Fernández confirmou a tendência nacionalista. Compositor brilhante, sua música, marcada sobretudo por um sentido admirável de ritmo brasileiro, projetou-se fora do país. Seu nome afirmou-se com o Trio brasileiro para piano, violino e violoncelo. Em sua obra destacam-se ainda composições para piano e canto, sobre textos de poetas brasileiros.

Radamés Gnattali caracterizou-se pelo conhecimento admirável da orquestração e certo cosmopolitismo (leves influências do impressionismo de Claude Debussy e do jazz), aliados a um constante cunho de brasilidade. Entre suas partituras contam-se dez Brasilianas para vários conjuntos e o Concerto romântico para piano, de linguagem moderna e marcante influência jazzística.

Camargo Guarnieri compôs obras nas quais o cunho nacional, predominantemente paulista, se mostra sempre com grande espontaneidade. Essa característica, aliada à clareza da fatura e ao equilíbrio da forma, fez com que alcançasse projeção no exterior. Guarnieri revelou, com relação à ópera, maior preocupação que outros compositores do período. Pedro Malazarte, ópera cômica, traz indicações certeiras de um rumo estético para a criação de uma grande ópera brasileira.

José de Lima Siqueira, compositor nacionalista e admirável orquestrador, foi fundador da Orquestra Sinfônica Brasileira e primeiro presidente da Ordem dos Músicos do Brasil. Destaca-se em sua música o folclore nordestino, como nos bailados Senzala, Uma festa na roça e O carnaval no Recife. Entre suas composições contam-se três sinfonias, poemas sinfônicos, música de câmara e a ópera A compadecida.

Luís Cosme inspirou-se no folclore gaúcho, traduzindo-o em linguagem harmônica e vigorosa, de grande beleza formal. Suas obras se desenvolvem numa atmosfera tipicamente brasileira, como nos balés Salamanca do jarau e Lambe-lambe. Compôs, sobre textos de Cecília Meireles, os autos Nau catarineta e O menino atrasado, para teatro de marionetes, orquestra e coro.

No Rio de Janeiro, em 1939, o grupo Música Viva, fundado por Hans Joachim Koellreutter, músico de origem alemã radicado no Brasil, divulgava as concepções musicais de Arnold Schoenberg. Com seus discípulos, Cláudio Santoro, Guerra Peixe e Eunice Catunda, aos quais Edino Krieger se uniu em 1945, Koellreutter fundou a revista Música Viva, organizou séries de concertos e lançou o Manifesto 1946, no qual todos confessavam admitir o nacionalismo apenas como um estágio na evolução artística de um povo.

Guerra Peixe procurou conciliar a música serial com elementos nacionais. Ao orientar-se para a música de caráter nacionalista, fez em Pernambuco estudos aprofundados do folclore, que prosseguiu em São Paulo. Essas experiências se refletiram em Brasília, sinfonia com coros. Compôs ainda sonatas para piano e para violão, os Provérbios para baixo e piano, canções folclóricas e seriais.

Cláudio Santoro, depois de sua primeira fase dodecafônica, compôs dentro da estética nacionalista, inserindo formas populares nas grandes estruturas clássicas. Por volta de 1960, abandonou o estilo nacionalista e novamente adotou a técnica dodecafônica. Entregou-se depois, em Mannheim, Alemanha, a experiências musicais de vanguarda, que procuram estabelecer uma aliança entre música e pintura. Seus "quadros aleatórios" constam de uma parte auditiva, gravada em fita magnética, e de uma parte visual representada por um quadro.

Edino Krieger preferiu não seguir uma orientação estética que o filiasse a um grupo, para ter a mais ampla liberdade de escolha de recursos técnicos e expressivos. Estes abrangem as técnicas mais avançadas, como o serialismo e a música aleatória. Entre as obras de maior repercussão internacional figuram suas Variações elementares e Ludus symphonicus.

Marlos Nobre é um compositor que abriu novos rumos à música brasileira, pelo emprego de processos criadores de vanguarda, mas que também fez música absoluta, abstrata pela significação, e que geralmente causa impacto, dada a rara riqueza de sonoridade e o emprego marcante da percussão. Entre suas obras principais figuram as Variações rítmicas para piano e percussão, Rhythmetron, para percussão, e Ludus instrumentalis, para orquestra de câmara.

Todas as correntes vanguardistas estão representadas nas modernas gerações de compositores brasileiros, entre os quais alguns trabalharam na Europa, como José Antônio de Almeida Prado e os compositores de música eletrônica Jorge Antunes e José Maria Neves. Reginaldo de Carvalho fez também música experimental, concreta e eletrônica, sob a denominação de música eletroacústica.

Na Bahia surgiu, em torno de Ernst Widmer, um grupo de compositores de especial importância na moderna música brasileira. Fez música de vanguarda que, embora escrita, deixa margem à aleatoriedade, executada pelos conjuntos sinfônicos ou corais sinfônicos habituais. Entre esses compositores citam-se Lindembergue Cardoso, Jamari Oliveira, Walter Smetak e Milton Gomes. Outros compositores se destacaram em São Paulo (Gilberto Mendes, Willy Correia de Oliveira, Ernst Mahle e Rogério Duprat, entre outros); no Rio de Janeiro (entre os quais Jaceguai Lins, Ester Scliar e Ailton Escobar); e também em Brasília, no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Recife.

Autoria: Jonatas Francisco da Silva

arte indigena

A arte não é uma atividade separada, individualizada. Normalmente, ela se mostra totalmente ligada à vida cotidiana e a elementos rituais, como nas pinturas corporais. Estas fazem com que cada grupo ou tribo indígena se torne diferente de outra. Mesmo assim, muitas tribos, como os karajás, usam a pintura corporal como enfeite. A tinta usada pelas tribos em geral é totalmente natural, provinda de árvores ou mesmo de frutos. Em cada grupo também se pode destacar o uso de adornos. Os adornos são usados, normalmente, em ritos especiais de cada tribo. Outro importante trabalho indígena é a arte plumária. Nela se constitui trabalhos com plumas e penas de pássaros. Ao contrário do que muitos pensam, os índios abatem as aves, mas não as comem, e sim usam suas belas penas coloridas.

A grande maioria de tribos indígenas desenvolvem também a cerâmica e a cestaria. Os cestos são, em sua grande maioria, produzidos a partir de folhas de palmeiras e usados para guardar alimentos. Já na cerâmica, são produzidos vasos (às vezes zoomóficos) e panelas através do barro modelado. Tanto na cerâmica como na cestaria, são usados também a pintura (a mesma de seu corpo) e desenho abstrados para colorir seus trabalhos.

Os índios também valorizam muito a música. Muitos instrumentos musicais foram criados pelos indígenas, como flautas e chocalhos. A música era usada por todas as tribos como passatempo ou em rituais sagrados.

machado de assis

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um poeta, romancista, dramaturgo, contista, jornalista, cronista e teatrólogo brasileiro, considerado como o maior nome da literatura brasileira, de forma majoritária entre os estudiosos da área.[1][2] Sua extensa obra constitui-se de nove romances e nove peças teatrais, 200 contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas.[2][3] Machado assumiu cargos públicos ao longo de toda sua vida, passando pelo Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, Ministério do Comércio e pelo Ministério das Obras Públicas.[4]

A obra ficcional de Machado de Assis tendia para o Romantismo em sua primeira fase, mas converteu-se em Realismo na segunda, na qual sua vocação literária obteve a oportunidade de realizar a primeira narrativa fantástica e o primeiro romance realista brasileiro em Memórias Póstumas de Brás Cubas (sua magnum opus).[5] Ainda na segunda fase, Machado produziu obras que mais tarde o colocariam como especialista na literatura em primeira pessoa (como em Dom Casmurro, onde o narrador da obra também é seu protagonista). Como jornalista, além de repórter, utilizava os periódicos para a publicação de crônicas, nas quais demonstrava sua visão social, comentando e criticando os costumes da sociedade da época, como também antevendo as mutações tecnológicas que aconteceriam no século XX, tornando-se uma das personalidades que mais popularizou o gênero no país.[6]

reciclagem

A reciclagem é o termo genericamente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico. As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incineração.

O conceito de reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado original e ser transformado novamente em um produto igual em todas as suas características. O conceito de reciclagem é diferente do de reutilização.

O reaproveitamento ou reutilização consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro. Um exemplo claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do papel.

O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramatura diferente. Isto acontece devido a não possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original e sim transformá-lo em uma massa que ao final do processo resulta em um novo material de características diferentes.

Outro exemplo é o vidro. Mesmo que seja "derretido", nunca irá ser feito um outro com as mesmas características tais como cor e dureza, pois na primeira vez em que foi feito, utilizou-se de uma mistura formulada a partir da areia.

Já uma lata de alumínio, por exemplo, pode ser derretida de voltar ao estado em que estava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a ser uma lata com as mesmas características.

A palavra reciclagem difundiu-se na mídia a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de resíduos e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo).

Como disposto acima sobre a diferença entre os conceitos de reciclagem e reaproveitamento,em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acontece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de celulose.

Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por exemplo, não acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim, ser reciclado continuamente.

candido portinari


Candido Portinari

Candido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903, numa fazenda de café, em Brodósqui, interior de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, recebe apenas a instrução primária e desde criança manifesta sua vocação artística.

Aos quinze anos de idade vai para o Rio de Janeiro, em busca de um aprendizado mais sistemático em pintura, matriculando-se na Escola Nacional de Belas-Artes. Em 1928 conquista o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, da Exposição Geral de Belas-Artes, de tradição acadêmica.

Parte em 1929 para Paris, onde permanece até 1930. Decide ao voltar ao Brasil, no início de 1931, para retratar em suas telas o povo brasileiro. Em 1935 obtém a segunda Menção Honrosa na exposição internacional do Instituto Carnegie de Pittsburgh, Estados Unidos, com a tela “Café”, que retrata uma cena de colheita típica de sua região de origem. A opção pela temática social será o fio condutor de toda a sua obra.

Aos poucos, sua inclinação muralista revela-se com vigor nos painéis executados para o Monumento Rodoviário, na Via Presidente Dutra, em 1936, e nos afrescos do recém construído edifício do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, realizados entre 1936 e 1944.

Companheiro de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Portinari participa de uma notável mudança na atitude estética e na cultura do país e se projeta internacionalmente.

Em 1939 executa três grandes painéis para o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York e o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela “Morro”. Em 1940, participa de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de crítica, venda e público.

Em dezembro de 39 a Universidade de Chicago publica o primeiro livro sobre o pintor: Portinari, His Life and Art.

Em 1941 executa quatro grandes murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso, em Washington, com temas referentes à história